Os novos ditadores


É a da vez, discutir quem é ditador, quem é democrata.

Na lista de governantes autoritários da grande mídia, obviamente, não estão seus principais investidores. Está Chávez, que fala demais e sem restrições. Parece até gente do povo, ai que asco. O presidente venezuelano, que ousa promover a integração latinoamericana, é o ditador do momento, na opinião das grandes agências de informação. As mesmas que promovem agora a visita de negócios do antigo demônio Gadafi às potências européias. É que o Gadafi é um bom aliado. Traz informações valiosas sobre o oriente próximo e dinheiro para nossas empresas? É democrata.

É por isso que Bush, o homem que exterminou o berço da humanidade no Iraque, devastou Afeganistão e Colômbia, além de manter seu exército em mais de cem países, onde realiza atentados político-militares constantemente, é considerado um grande democrata. É por isso também que os soplapollas Blair, que cumpriu o papel de policial bom no engenho para suprimir o veto da ONU à invasão do Iraque, Aznar, que meteu Espanha em uma guerra em contra da opinião popular e do congresso da União Européia, e tantos outros criminosos de guerra, são todos ícones da luta pró-democracia. Foi mesmo o povo americano que decidiu gastar-se três trilhões de dólares no saqueio do Iraque? Se o governo é do povo, a guerra é do povo.

Mas como comparar Chávez com essa gente do norte beira o irrisório (afinal, Chávez nunca invadiu ninguém, não engendrou assassinatos secretos, nem saqueou países politicamente instáveis), comparemos com o nosso querido presidente Lula. Sim, este mesmo que segue com o projeto da transposição do São Francisco, traindo o compromisso que havia assumido com o bispo Luiz Cáppio.

Com as breves frases que cito aquí, fica claro como cabeças diferentes abordam um problema de formas perigosamente diferentes. Abordando a questão da instabilidade política do Haiti, lá pelos anos de 2004, Lula parecia mais falar sobre a Guerra do Paraguai, nossa vergonha nacional: «Nossa região tem um histórico compromisso com a solução pacífica de controvérsias. A presença de países em desenvolvimento entre seus membros permanentes é fundamental para assegurar a legitimidade e representatividade dos órgãos dedicados à segurança coletiva». A presença de países em desenvolvimento é fundamental para assegurar a legitimidade? E até que ponto a corrupção justifica uma invasão internacional? Falando assim, justifica até a invasão do Brasil. 

Marco Aurélio Garcia, assessor da presidência, feito um pequeño Bush, arremata: «Queremos um consenso político. Não pode é continuar como está, com a economia devastada e instituições políticas frágeis. Os países doadores querem investir US$ 1,2 bilhão, mas no passado o Haiti recebeu verba e ela sumiu. Hoje pedem garantias e é preciso de projetos, de estabilidade». 1,2 bilhão? Só isso? Acho que nós já deveriamos ter invadido o planalto há muito tempo.

Chávez, contrário à invasão, opinou, no mesmo dia em que o presidente: “…a ONU repete esquemas já fracassados anteriormente no mundo. Eu apoio a invasão no Haiti. Apoio uma invasão de médicos, de professores para dar a eles (haitianos) as ferramentas para fortalecer sua própria democracia», disse o presidente venezuelano. «O único caminho para dar soberania ao povo haitiano é através de um processo constituinte (…) o governo atual carece de legitimidade por ter sido imposto pelos Estados Unidos».

Agora é só ver os números:

Dados da invasão militar do Haiti

1. Estão acampados no Haiti, desde julho de 2004, nada menos do que 9.500 soldados, oriundos de 35 países de todo mundo.

2. Destes a maior força é do Brasil com 1.600 soldados. O exército brasileiro está instalado nas antigas dependências da Universidade Pública do Haiti, e por isso o número de estudantes e de aulas, se reduziu a um terço de antes da ocupação, pois os soldados ocupam instalações, prédios, campus, etc.

3. O Estado maior das forças de ocupação é dirigido por 24 comandantes, coordenados por um general brasileiro. E dos 24, um é brasileiro, um uruguaio e os outros 22 são todos de forças de invasão de países do hemisfério norte.

4. O custo das tropas no Haiti é de 500 milhões de dólares por ano.

5. Não há nenhuma obra social ou de infra-estrutura econômica sendo desenvolvida por eles.

6. Há muitas denúncias de abusos de soldados, de prepotência, de abuso sexual, já que nenhuma Lei do Haiti afeta as tropas de ocupação.

7. Por outro lado, estão no país, em revezamento, desde 2001, mais de 800 médicos cubanos, trabalhando de forma solidária, nos bairros populares e no interior do país, dando atenção medica ao povo do Haiti.

Fonte: Jubileu Sur – Escritório em Port-Principe (Julho 2007) e Voltairenet.org

1 comentario en “Os novos ditadores

  1. Guilherme Póvoas

    Militares gaúchos que foram ao Haiti estão internados com depressão, trauma pós-guerra. E agora, a mídia está elegendo mais um homem negro do Tio Sam. Lembram da expressão? Pois é, agora quem a personifica é Barak Obama.

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